Na contramão da insatisfação com as pesquisas eleitorais, mercado vê com ânimo resultado do 1º turno e Ibovespa decola
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) protocolou um requerimento para instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os sistemas das pesquisas eleitorais de intenção de voto pelas principais empresas e instituições do país.
De acordo com o parlamentar, a Comissão seria necessária para “aferir as causas das expressivas discrepâncias entre as referências prognósticas, principalmente de curtíssimo prazo, e os resultados apurados”. O pedido ocorre um dia após o primeiro turno das eleições.
Na justificativa do documento, o senador Marcos do Val afirma que, além das variações entre os realizadores das pesquisas, constata-se inaceitáveis desvios de balizamento de preferências e percentuais dos diversos candidatos, mesmo em aferições de véspera dos pleitos”. O texto cita ainda os impactos dessas pesquisas na formação do cenário político-eleitoral e na formação da decisão de voto pelo eleitor.
No documento, Marcos do Val ainda afirma que “é urgente uma investigação técnico-científica isenta, profunda e abrangente de todos os elementos incidentes nessas pesquisas, com ênfase nos elementos sociológicos, matemáticos, demográficos e também político-partidários envolvidos”.
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Outros pedidos
Ricardo Barros (PP-RP) anunciou na segunda (2) que irá apresentar um projeto de lei para criminalizar o erro nas pesquisas. Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que começaria a coletar as assinaturas necessárias para investigar os institutos de pesquisa ainda nesta semana.
Para ser instalada, uma CPI precisa reunir assinaturas de ao menos um terço dos parlamentares da casa onde irão correr os trabalhos. No caso do senado, são necessárias 27 assinaturas.
Outro caminho em discussão é mover uma ação perante o TSE para pedir a apuração dos institutos de pesquisa sob a alegação de interferência nas eleições, segundo uma fonte do Info Money a par das tratativas.
No entanto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), descartou a possibilidade de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), mas afirmou ser necessário discutir uma “boa legislação” para as empresas de pesquisa, para que não haja disparidades. “A população clama por isso, se angustia, e cabe ao Congresso regular essas matérias”.
Pesquisas x realidade
Durante as Eleições 2022, os principais institutos de pesquisa anunciaram resultados divergentes do que foi verificado nas urnas de votação na disputa presidencial. O Datafolha e o Ipec davam menos de 40% de índice de votos para Jair Bolsonaro (PL), que teve 43,2% ao fim da apuração. Ao mesmo tempo, os dois institutos também apontavam possibilidade de vitória no primeiro turno de Lula (PT), o que não ocorreu.
Pela margem de erro, que é de dois pontos percentuais nos três estudos, o petista podia ter de 47% a 53% nas urnas no domingo. Lula obteve 48,43%, portanto dentro da margem de erro. O desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL), porém, não foi previsto pelas sondagens. Os últimos levantamentos dos três institutos variavam de 36% e 39% das intenções, mas o atual presidente obteve 43,2% dos votos.
Também houve disparidade na votação para governador em São Paulo. Durante toda a corrida eleitoral, Fernando Haddad (PT) sempre esteve à frente de Tarcísio de Freitas (Republicanos). As pesquisas projetavam 41% a 39% a favor do candidato petista. No entanto, ao fim da apuração, Tarcísio levou vantagem em relação a Haddad, com 42,32%, contra 35,7%.
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Ibovespa dispara após primeiro turno das Eleições
No fechamento de mercado da segunda-feira (4), primeiro dia após as eleições 2022, o dia foi de destaque para as companhias estatais de capital aberto. A Sabesp (SBSP3) encerrou o pregão em forte alta à frente dos maiores avanços do principal indicador da B3, o Ibovespa, além de obter uma das melhores performances de toda a bolsa. A Petrobras (PETR3; PETR4) e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) também registraram forte ganhos.
O movimento se deu com o mercado reagindo de forma positiva ao resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, que mostrou uma disputa mais apertada entre o petista Luiz Inácio Lula da Silva e o atual presidente Jair Bolsonaro.
Para o economista da CM Capital, Matheus Pizzani, a possibilidade de reeleição e continuidade da agenda reformista também é bem vista pelos investidores. “A perspectiva de vitória do atual presidente também sinalizou a possibilidade de manutenção de importantes reformas estruturais realizadas nos últimos anos, com destaque para o teto de gastos e, principalmente, a reforma trabalhista”.
Na segunda-feira (4), o Ibovespa teve o maior ganho diário desde abril/2020, com alta de 5,5% e salto de 6 mil pontos, aos 116.134 pontos. O giro bombou: R$ 46, 1 bilhões. Já o dólar registrou o maior tombo desde junho/2018, em queda de 4,09%, para a faixa de R$ 5, 17.
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