Balanços do 4T22: bancos ficam entre os melhores e piores destaques

Fim de mais uma temporada de balanços. Iniciada em 26 de janeiro, as empresas com capital aberto na Bolsa divulgaram seus resultados do quarto trimestre de 2022.

O período movimentou o mercado e trouxe respostas para os investidores, principalmente para aqueles que se baseiam na análise fundamentalista. A seguir, você confere o “balanço dos balanços”, de acordo com os economistas e analistas de investimento da CM Capital.

Balanços do 4T22: bancos ficam entre os melhores e piores destaques
Balanços de aéreas e varejo também chamaram a atenção

Com o cenário econômico interno e externo mais denso, no geral, já se esperava que os resultados não fossem dos mais animadores.

Com exceção de Vale e Petrobras, que são casos à parte, vimos um crescimento médio de lucro líquido das companhias em 4%, se comparado com o último trimestre de 2021 – abaixo da inflação.

Apesar disso, 14 dos 18 setores apresentaram crescimento de receita. Considerado um setor perene, ou seja, mais estável, o segmento financeiro se viu diante de uma gigante exposição ao escândalo seguido pelo pedido de recuperação judicial da Americanas.

Os bancos tiveram que provisionar o não recebimento de dívidas da varejista já na divulgação dos balanços dessa temporada. Com isso, eles estiveram em destaque nos dois polos – entre lucros e prejuízos. Bradesco e Banco do Brasil tiveram resultados antagônicos.

De acordo com Alex Carvalho, analista CNPI da CM Capital, o evento Americanas estremeceu o setor, mas isso não foi determinante para que os bancos ocupassem lados opostos. Outros fatores contribuíram.

Entre os lucros líquidos desta temporada, companhias do varejo e aéreas também chamaram atenção. Veja a seguir os destaques dos balanços corporativos referentes ao quarto trimestre de 2022:

Balanços 4T/22: destaques negativos

Bancos

Bradesco teve um resultado muito abaixo do projetado para o mercado. Seu lucro líquido recorrente foi de R$1,59 bi, uma queda de 75,9% no quarto trimestre de 2022, comparando com o mesmo período do ano anterior.

O principal fator negativo foi a qualidade do crédito que caiu em suas carteiras de clientes pessoa física, o que aumento o nível de inadimplência.

Além disso, o caso Americanas também teve forte participação nos resultados ruins do Bradesco. A instituição bancária era a maior credora da varejista e decidiu provisionar 100% de sua exposição.

Já o Santander divulgou um lucro líquido de R$ 1,689 bilhão no quarto trimestre de 2022, uma queda de 56% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

As despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$7,364 bilhões, 99,4% acima em relação ao quarto trimestre de 2021. O Santander também é um dos grandes credores de Americanas.

Varejo

A Magazine Luiza registrou prejuízo líquido de R$ 35,9 milhões no quarto trimestre de 2022. Em termos ajustados, o prejuízo foi de R$ 15,2 milhões, uma piora de 80,8% na comparação anual.

Assim como aconteceu com o Santander, Magalu reverteu o lucro de lucro líquido de R$ 93 milhões vindo no mesmo período de 2021.

Mesmo com o e-commerce injetando mais fôlego nos resultados gerais, o ativo ainda sofre os impactos de juros altos e a ocorrência cada vez mais acirrada vinda do mercado doméstico e principalmente asiático.

Balanços 4T/22: destaques positivos

Bancos

O destaque positivo dos bancos ficou com Banco do Brasil. A instituição reportou um lucro líquido de R$9,04 bi no 4T22, cifra que representa uma alta de 52,4% diante do mesmo período do ano anterior.

A margem financeira líquida do BB também subiu e foi para R$ 14.917 bilhões no período, crescimento de 35,5% na base anual.

O que teve peso nesse resultado foi a provisão de 50% da sua exposição sobre o caso Americanas (R$ 780 milhões); enquanto outros bancos tiveram que considerar uma pendência de pagamento maior.

“Mesmo se tivesse incluído 100% da dívida- que não será paga tão logo – da Americanas, o lucro ainda seria maior do que as projeções” explica Alex Carvalho.

Segundo ele, outro aspecto que contribuiu com os resultados foi a queda no risco de inadimplência calculado pela companhia.

Aéreas

A Gol mostrou uma perspectiva mais positiva para seus caixas. A companhia reverteu um prejuízo de R$2.809 bilhões no quatro trimestre de 2021 e foi para um lucro líquido de R$230.900 milhões no último trimestre do ano passado.

A receita líquida foi de R$ 4.726 bilhões no período, um crescimento de 61,7% na comparação de 2021.

O analista CNPI explica que o bom resultado foi possível por um aumento de receita líquida que subiu 61%, consideravelmente maior do que o ano anterior. A companhia também conseguiu reduzir os custos operacionais em torno 13%.

Somado a isso, a aérea, que havia acumulado dívidas durante a pandemia, conseguiu uma renegociação com seus credores, o que aliviou as despesas no horizonte de médio e longo prazo.

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