Resumo da semana: crise na Americanas e previsão de PIB menor foram destaques no Brasil

A semana começou repercutindo os atos antidemocráticos em Brasília. Manifestantes que questionam o resultado das urnas nas últimas eleições avançaram às barreiras de proteção e invadiram os prédios dos Três Poderes. O vandalismo, agressões à imprensa e a suposta conivência das forças militares do Distrito Federal acendeu os holofotes de todo mundo para uma insegurança institucional.

A pronta resposta do Executivo brasileiro acalmou os ânimos do mercado financeiro, que já na segunda-feira voltou a focar na agenda econômica interna e externa.

O susto maior veio do varejo, com a Americanas que anunciou “inconsistência contábil” bilionária. Confira a seguir o que foi destaque no universo dos investidores nesta segunda semana janeiro.

Além do rombo de R$ 20 bi, Americanas tem dívidas de R$ 40 bi

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SEGUNDA COM PREVISÕES DO MERCADO

Com um olho nos desdobramentos políticos dos eventos de domingo e outro Focus. No primeiro dia da semana saíram as expectativas do mercado sobre crescimento, juros e inflação futuros. As projeções de IPCA e Selic do Boletim do Banco Central se mantiveram iguais as da  semana anterior, com alta de ambas para 2023. Já as expectativas para o PIB caíram tanto para 2022, quanto para 2023.

O IPC-S, que mede quadrissemanalmente a variação do custo de vida para famílias com renda entre 1 e 33 salários-mínimos, subiu 0,46% essa semana, acumulando 4,26% nos últimos 12 meses.

TERÇA-FEIRA COM INFLAÇÃO DE 2022

No início do dia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas divulgou a tão esperada inflação de 2022. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,62% em dezembro e fechou o ano em alta de 5,79%.  

O aumento dos preços ultrapassou a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (até 5%). O Banco Central justificou que o estouro da meta – pelo terceiro ano consecutivo.

Na parte da tarde, o mundo absorveu um discurso duro do presidente do Federal Reserve, Jerome Powel. “Restaurar a estabilidade de preços quando a inflação está alta pode exigir medidas que não são populares no curto prazo, pois aumentamos as taxas de juros para desacelerar a economia”, disse em simpósio sobre bancos centrais independentes, em Estocolmo, na Suécia.

QUARTA-FEIRA TENSA NO VAREJO

Em dia sem dados de grande relevância, a Americanas roubou a cena. A varejista anunciou resultados de uma análise preliminar, em que encontrou “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões ligadas à conta de fornecedores. No mesmo dia, o então presidente-executivo, Sergio Rial,  e o diretor financeiro e de relações com investidores, André Covre, renunciaram seus cargos.

O ex- CEO disse que houve uma espécie de “confusão” no reporte de dívidas no balanço. Onde era apontado como “dívida ao fornecedor” era, na verdade, “dívida a banco” referente à empréstimos. A empresa é investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

QUINTA-FEIRA: AMERICANAS FAZ HISTÓRIA

As bolsas da Ásia absorveram os dados da inflação na China, que veio dentro do esperado. O CPI acelerou 1,8% em dezembro, contra 1,6% em novembro. A deflação do PPI desacelerou de 1,3% para 0,7%, mas frustrou a aposta de queda de 0,1%.

O dado mais importante esta semana, em termos internacionais, foi o CPI americano. A inflação no país caiu 0,1% em dezembro ante novembro; a expectativa era pessimista, de estabilidade. O núcleo do indicador do índice subiu 0,3% na comparação mensal, dentro das  projeções do mercado. Na comparação anual, o CPI avançou 6,5% e o núcleo subiu 5,7%, também em linha com as expectativas. 

Essa deflação, animou o mercado que alimentou suas expectativas para uma política monetária mais “Dovish”.Porém, para o time de economia da CM Capital, esses dados precisam ser vistos com muita cautela, porque o núcleo do CPI, que é aquele que a taxa de juros pode atingir, ainda segue num patamar muito alto.

Aqui no Brasil, soubemos que o volume de serviços ficou estável em novembro, segundo dados divulgados pelo IBGE neste dia. Setor se encontra 10,7% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 0,5% abaixo de setembro de 2022, ponto mais alto da série.

A Americanas foi a responsável por um dia atípico na Bolsa. A ação da empresa só abriu após as 14h, entrou em leilão diversas vezes e fechou em queda livre de 77,33%, a R$ 2,72. Essa derrocada representou o maior tombo de uma açãoque compõe o Ibov desde 1994.

SEXTA-FEIRA DE DADO AMARGO

O Brasil amanheceu com os dados do indicador prévio de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) caiu 0,55% em novembro na comparação com outubro, informou nesta sexta-feira (13) o Banco Central do Brasil.

O dado surpreendeu negativamente o mercado com uma queda mais intensa que do projetado, que era um recuo mensal de 0,30%. No comparativo anual, o indicador teve um avanço de 1,65%. Com o resultado de novembro, o IBC-Br nos últimos 12 meses mostra variação de +3,15% e de +3,26% no acumulado de 2022.

Americanas em cenário pior

Além do rombo de R$ 20 bi, depois do pregão, o mercado tomou conhecimento que a Americanas tem dívidas de R$ 40 bi e que a varejista avalia entrar com pedido de recuperação judicial.

O Ibovespa fechou em baixa de 0,84%, aos 110.916,08 pontos. Apesar do fato relevante da varejista ter ajudado da queda, o índice avançou 1.952 pontos na comparação com a semana anterior – quando ficou em 108.964.

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