Dentre as principais commodities da economia, tais como a minério de ferro, soja e milho, o petróleo se destaca como a de maior importância.
Não somente gasolina e diesel formam os principais combustíveis presentes no nosso cotidiano, como também alguns outros derivados do petróleo são base de diversos produtos, como no caso da nafta, matéria prima do plástico.
Além disso, o gás natural, outro derivado do petróleo, é utilizado para geração de energia, sendo, junto a outros derivados, uma das importantes fontes de energia para a economia.
Entendendo os porquês
Diante disso, levando em consideração o fato de que as cadeias de produção globais são intrinsicamente interligadas, o entendimento das movimentações recentes do mercado de petróleo torna-se relevante como parte de uma compreensão mais detalhada acerca da conjuntura econômica internacional que vivemos.
Analisando as forças atuantes dentro deste mercado, pelo lado da oferta, destaque para a OPEP+, cartel formado pelos principais países produtores de petróleo, sendo este grupo responsável por cerca de 40% da produção mundial da commodity. Pelo lado da demanda, China e Estados Unidos, as duas maiores economias do mundo, figuram como os países que mais consomem petróleo.
Movimentos que afetaram o preço do petróleo
A pandemia fez com que houvesse uma queda no nível de atividade global, com Estados Unidos e Europa, por exemplo, sofrendo um recuo de 3,5% e 6,5%, respectivamente, no PIB de 2020, fato ocorrido por conta das medidas adotadas pelos governos para conter o avanço do coronavírus.
Com isso, o preço internacional do barril de petróleo apresentou uma trajetória baixista durante o ano de 2020, chegando a ser negociado a 25 dólares, em meados de abril. Isso fez com que houvesse uma queda abrupta na produção mundial de petróleo.
Porém, no ano seguinte, com a conquista da vacina pela ciência e a redução das medidas de restrição a mobilidade social, o nível de atividade econômica global foi aos poucos se normalizando. Sendo assim, o preço internacional do barril de petróleo voltou a subir, operando em patamares próximos a 80 dólares em outubro de 2021.
Guerra Rússia x Ucrânia e dificuldade na produção de petróleo
No início do 2022, com a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, o preço do barril de petróleo rompeu o patamar de 100 dólares, operando em torno de 120 dólares o barril, uma vez que o mercado entendia que, com as sanções impostas à Rússia por conta da guerra, haveria problemas na oferta mundial da commodity.
Não obstante, apesar da intenção de subir a produção de petróleo para aumentar os lucros, os países que compõem a OPEP+ têm apresentado dificuldade em alcançar este objetivo, uma vez que alguns membros que compõem o bloco têm encontrado dificuldades de investimento e manutenção das jazidas, de modo que as pressões altistas sobre o preço se mantem persistentes.
Os movimentos observados no âmbito internacional foram refletidos no cenário doméstico, com a economia brasileira sofrendo as consequências da alta do preço internacional do barril de petróleo através impacto resultante no preço dos combustíveis.
Política de Preços da Petrobras
A política de preços da Petrobras se baseia na paridade do preço doméstico em relação ao que é praticado internacionalmente, ou seja, como o principal insumo para a produção dos combustíveis é o petróleo, sua cotação acaba por ter um maior impacto na formação do preço de venda dos combustíveis.
Posto isso, com os custos de produção cada vez mais elevados em função das variações do preço internacional do barril, assim como pela desvalorização do câmbio, a estatal promoveu diversos reajustes nos preços praticados domesticamente.
Entretanto, levando em consideração a situação atual da economia brasileira, em especial as fortes pressões inflacionárias desde 2021, os reajustes feitos pelo Petrobrás causaram forte reação na esfera política, que em resposta, o aprovou no Congresso uma medida que limita a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Produtos (ICMS) pelos estados a um teto de 17%.
Contudo, o preço médio dos combustíveis em território nacional caiu consideravelmente, com o preço do litro de gasolina indo de um pico de R$7,30 para R$6,07 em meados de julho deste ano, segundo dados apurados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).
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Perspectivas do mercado de petróleo
Dois cenários opostos se apresentam quando analisamos as perspectivas para o mercado de petróleo.
Por um lado, com os recentes aumentos nas taxas de juros vistos tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, o mercado dobrou as apostas para uma possível recessão na atividade econômica global, o que fez com que o preço do barril voltasse a operar próximo dos 100 dólares.
Caso esse cenário se concretize, é esperado que o preço da commodity siga sua recente trajetória de queda.
Por outro lado, devido as dificuldades da OPEP+ em elevar a produção da commodity, além das sanções econômicas impostas à Rússia, a oferta gera preocupações e pode fazer com que a queda no preço seja minimizada.
Todavia, os desdobramentos observados no cenário externo devem ser refletidos internamente, com a Petrobrás sofrendo cada vez mais pressão para que reduza o preço dos combustíveis.
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