O clima está tenso. Já se passaram nove meses desde que a Rússia fez o seu primeiro ataque contra a Ucrânia. Desde então, o conflito se intensificou e sobrou até para a vizinha Polônia.
No Brasil era feriado de Proclamação da República, a bolsa estava fechada, mas os investidores seguiam atentos ao mercado internacional que derretia sob a tensão da guerra no continente europeu.
Eram 11h40, no horário de Brasília, terça-feira, 15 de novembro, quando os noticiários reportavam que um míssil caiu em uma fazenda de grãos no vilarejo de Przewodów, no leste da Polônia, próximo à fronteira com a Ucrânia, deixando duas pessoas mortas.
Rússia ou Ucrânia?
Logo as acusações começaram.
“Um míssil de fabricação russa caiu, matando dois cidadãos da República da Polônia”, confirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Lukasz Jasina em comunicado, acrescentando que o embaixador russo em Varsóvia foi convocado para pedir “explicações detalhadas” sobre o ocorrido.
O Ministério da Defesa da Rússia negou a alegação, que classificou como “uma provocação deliberada com o objetivo de agravar a situação”. Em comunicado, o governo russo afirmou que “nenhum ataque a alvos perto da fronteira entre Ucrânia e Polônia foi feito por meios de destruição russos”.
O ataque segue sob investigação, no entanto, a Polônia já mudou o tom. O presidente do país, Andrzej Duda, e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, disseram que um míssil de defesa aérea ucraniano provavelmente causou a explosão em território polonês na véspera, enfatizando que Kiev não tem culpa por tentar se defender.
O presidente Duda observou que as forças russas lançaram uma enxurrada de ataques com mísseis contra a Ucrânia e sua infraestrutura energética e civil na terça-feira, 15. Segundo ele, os esforços ucranianos para conter a chuva de cerca de 100 mísseis causaram um “acidente infeliz” na Polônia e não se configura como um ataque direto ao seu país.
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Os Estados Unidos também consideram que o míssil que caiu no território polonês pode ter sido um erro de trajetória de um sistema antimísseis da Ucrânia. “Existe uma informação preliminar que contesta isso (a versão de que o míssil partiu da Rússia). Eu não quero afirmar isso antes de a investigação ser concluída, mas pela trajetória do míssil é pouco provável que ele tenha sido disparado da Rússia”, declarou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Ao se tornar alvo das acusações, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia negou que um de seus mísseis estivesse envolvido na explosão, que o presidente Volodymyr Zelensky chamou de “escalada” da Rússia. Oleksiy Danilov, chefe do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, disse que Kiev estava “esperando informações” de seus “parceiros” sobre as descobertas preliminares.
OTAN em alerta
Imediatamente após a explosão, foi sugerido que a Polônia poderia invocar o Artigo 5 da Carta da Otan, que compromete seus membros à defesa mútua, afirmando que um ataque a um é um ataque a todos.
Aliança do Tratado do Atlântico Norte é uma organização intergovernamental formada por 30 países, que se ajudam mutuamente em termos políticos e militares. Criada no contexto da Guerra Fria, em 1949, essa organização tem como um de seus pilares garantir a segurança de seus países-membros, que pode ocorrer de forma diplomática ou com o uso de forças militares.
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que uma investigação está em andamento, mas a análise preliminar “sugere que o incidente foi provavelmente causado por um míssil de defesa aérea ucraniano disparado para defender o próprio território contra-ataques de mísseis de cruzeiro russos”
Ele também enfatizou que não há indicação de um ataque deliberado da Rússia ou de quaisquer planos russos para atacar um membro da Otan – o que significa que o compromisso da aliança militar com a defesa coletiva não está em questão.
“Deixe-me ser claro, isso não é culpa da Ucrânia. A Rússia tem a responsabilidade final ao continuar sua guerra ilegal contra a Ucrânia”, completou Jens Stoltenberg.
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