Desde o início de 2023 o mercado tem mostrado grande expectativa sobre quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil irá iniciar o ciclo de cortes na taxa básica de juros da nossa economia (Selic).
Expectativa essa que foi alimentada pelas declarações do presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, que atribui à política monetária prática pelo Banco Central o desempenho ruim da economia brasileira em termos de nível de atividade e criação de emprego.
Aliás, o discurso de Lula foi endossado por outros entes do governo, com a crítica sendo personificada no chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Os últimos comunicados do Copom
Até o presente momento, julho de 2023, o Comitê de Política Monetária (Copom), se reuniu 4 vezes para avaliar a evolução dos dados de inflação no Brasil.
No primeiro encontro, em fevereiro desse ano, o comitê optou, conforme esperado, por manter a taxa Selic no atual patamar (13,75%), e trouxe um tom duro no comunicado emitido após a decisão, dizendo que, caso fosse necessário, não iria hesitar em retomar o ciclo de aperto monetário, ou seja, elevar a taxa de juros novamente.
Na reunião de março, o Banco Central manteve o tom duro do comunicado anterior, no entanto reconheceu o esforço do governo na aprovação do novo Arcabouço Fiscal.
Já no comitê de maio, em mais uma sinalização ao esforço do Executivo, a autoridade monetária retirou o trecho do comunicado na qual dizia que não hesitaria em retomar as altas na taxa de juros.
A evolução da inflação em 2023
Ao longo dos primeiros meses do ano, especialmente os três primeiros meses, os dados de inflação, tanto do IPCA como do IPCA-15, mostraram variação elevada.
Nesse sentido, cabe mencionar o mês de fevereiro, que mostrou uma forte pressão sobre o grupo de serviços, um dos mais importantes em termos de condução de política monetária, muito por conta das festividades de carnaval.
Contudo, apesar do patamar elevado no primeiro trimestre, a característica da inflação já dava sinais positivos, com alguns grupos sensíveis à política monetária, como é o caso de Bens Duráveis, mostrando uma evolução condizente com o atual patamar da taxa de juros.
Nesse sentido, o IPCA de maio, que trouxe uma variação de 0,23%, frente a expectativa dos agentes de um avanço de 0,33%, além do IPCA de junho, que mostrou deflação de 0,08%, confirmaram a evolução positiva de inflação na economia brasileira em 2023.
Entenda como o Copom e a Selic impactam nos seus investimentos
A reunião de agosto
Na última reunião do COPOM, em junho, o mercado aguardava alguma sinalização de um possível corte na taxa de juros na reunião seguinte, ainda que no comunicado a instituição não trouxesse nenhum sinal de corte, citando que a condução de política monetária deve seguir com “parcimônia”.
Na ata divulgada uma semana após a decisão, o comitê confirmou que alguns dos membros entendem que o ciclo de corte deve se iniciar em breve.
Dessa forma, o mercado precificou o corte na Selic e começou a projetar qual a magnitude da redução, com alguns agentes apostando em 0,25 pontos e outros em 0,50 pontos.
No início de julho, a hipótese de um início de ciclo de cortes mais conservador era predominante e o mercado esperava, para o final de 2023, a SELIC encerrando o ano em 12,50%.
Porém, diante da evolução positiva dos dados, com a IPCA-15 mostrando uma deflação maior do que o esperado, -0,07% efetivo contra -0,03% projetado, além de o câmbio seguir evoluindo de forma positiva, mesmo com a postura mais dura do Federal Reserve, as apostas do mercado para um corte de 0,50 pontos ganharam força.
Levando em consideração a postura dos atuais membros do Banco Central, que sempre optaram por uma condução de política monetária mais conservadora e o fato do mercado ainda projetar um IPCA em 2023 encerrando acima do regime de metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, a autoridade monetária deve iniciar o ciclo de cortes com uma redução de 0,25 pontos na taxa Selic, mantendo o tom conservador, tanto no comunicado, como na ata da reunião.
Vem acompanhar a divulgação do Copom com o time de economia da CM e entender o comunicado.