Condução da Política Monetária Americana

Expectativas para o Tamanho do Ciclo de Aperto Monetário

Com a ascensão da Pandemia em todo o mundo no ano de 2020, a economia global sofreu com as medidas adotadas pelas autoridades para conter o avanço do vírus.

Entre tais medidas, estava a restrição da mobilidade social, que fez com que a atividade econômica em todo o mundo desaquecesse e o desemprego aumentasse.

Aperto Monetário Americano

Uma das economias que mais sofreram os efeitos da Pandemia foi a dos Estados Unidos, com o Produto Interno Bruto americano apresentando queda de 3,5% em 2020 e o desemprego chegando a patamares de 14,7% no mesmo ano.

Ademais, a Pandemia também trouxe problemas na oferta de bens, uma vez que a restrição da mobilidade social criou gargalos na cadeia de insumos, o que fez com que a escalada de produção de alguns bens tenha sido interrompida.

Recessão global

Diante do cenário de recessão global em 2020, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, iniciou um programa de injeção de liquidez na economia, via compra de títulos, com o objetivo de fomentar a atividade econômica e recuperar o mercado de trabalho americano.

Sendo assim, 2021 se apresentou como um ano de recuperação da atividade economia americana, com os indicadores de atividade mostrando uma evolução robusta. Aliado a isso, com a conquista da vacina pela ciência, deu-se início um processo de afrouxamento das medidas de restrição à mobilidade social, algo que também caracteriza um vetor positivo para a economia, uma vez que houve retomada, mesmo que parcial, da escala de produção de bens.

Recuperação da economia

Todavia, a recuperação da economia trouxe à tona a pressão inflacionária, oriunda da atividade econômica aquecida e um mercado de trabalho forte, além dos gargalos na oferta de alguns bens. Em um primeiro momento, os membros do FED atribuíram tal pressão inflacionária aos gargalos no fornecimento de insumos, dizendo que, com o avanço da vacinação, a tendência era de que o aumento no nível de preços perdesse tração, à medida que as cadeias globais se normalizassem. Porém, os indicadores de preços não apontaram para isso, chegando a patamares históricos no decorrer de 2021, aumentando a pressão sobre o Fed para que ele subisse a taxa de juros já na primeira reunião de 2022.   

Com a eclosão da guerra envolvendo Rússia e Ucrânia, o mercado voltou suas atenções novamente para as falas dos membros do FOMC, uma vez que a alta no preço das commodities traria novos impactos inflacionários em todo o mundo. Porém, a postura dos membros da instituição foi de cautela, optando por esperar para ver qual a dimensão do impacto da guerra na economia americana. Antes da reunião de março, o mercado já precificava uma possível primeira alta de 50 p.p., no entanto, o presidente da instituição, Jerome Powell, em fala algumas semanas antes da reunião, trouxe um tom mais dovish, cravando uma subida de 25 p.p., fazendo com que o mercado corrigisse as curvas de juros.

Após a reunião de março, os membros da instituição assumiram uma postura mais dura da então adotada previamente. A maioria deles mudando o tom do discurso, sendo mais agressivos no combate a inflação, citando inclusive a possibilidade de uma alta de 50 p.p. para a reunião de maio. Contudo, com a evolução dos indicadores de inflação ainda persistentes, impulsionados por uma demanda interna extremamente aquecida, Powell confirmou as expectativas. No painel do FMI, o presidente da instituição admitiu a pressão inflacionária, confirmou a alta de 50 pontos para a reunião de março, em um discurso que mexeu com os mercados internacionais. Após a sua fala, muitos analistas começaram a especular que, após a reunião de maio, o Fed poderia sinalizar com uma alta de 75 p.p. ainda em 2022.  No entanto, no comunicado depois da reunião, Powell disse que o comitê não considera um aumento de 75 p.p., entretanto trouxe uma perspectiva de sucessivas altas de 50 p.p., o que, posteriormente, foi entendido pelo mercado como um tom ainda mais duro na condução da política monetária.

Cenário Doméstico

Adentrando os efeitos desses movimentos no nosso cenário doméstico, caso o Fed de fato inicie uma política monetária mais dura, isso irá caracterizar um desafio ainda maior para o nosso Banco Central. Uma vez que, a alta na taxa de juros americana torna atrativo os investimentos em tesouro do governo estadunidense. Isso faz com que haja uma apreciação do dólar frente ao real, caracterizando mais um vetor no senti inflacionário para a nossa economia. Isto posto, é importante para o investidor doméstico acompanhar de perto a condução de política monetária nos Estados Unidos, frente os impactos que ela causará na nossa economia e, consequentemente, nos ativos da nossa bolsa.  

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