Analisar ações consiste em entender onde e quando comprar, quando e onde vender o ativo, e mais importante que isso: o porquê de escolher determinada ação, porque ela será útil dentro da carteira de investimentos e como essa ação irá agregar ao portifólio.
Como começar?
Para que o investidor possa chegar em uma boa administração de carteira, o pensamento deve ser: qual o objetivo e qual empresa possibilitará alcançá-los? A partir daí, determina-se um bom plano, com todas as métricas descritas, limites, estratégias, valores e tempo.
Ou seja, para ter uma relação favorável ao crescimento do patrimônio, a empresa deve estar relacionada ao nosso objetivo principal.
Classificação de empresas
Saber a saúde da empresa e seu risco é fundamental para o plano e o direcionamento de qual estratégia seguir.
Para compreender quais ações se encaixam nos objetivos previamente determinados, existem 3 tipos de categorias onde podemos encaixá-las:
Blue Chips, Small Caps e Penny Stocks.
Lembrando que essa classificação pode ser alterada a qualquer momento de acordo os parâmetros das instituições que a avaliem e a situação da empresa.
Blue Chips
As Blue Chips consistem em ações de empresas com um alto valor no mercado financeiro. Tem como característica boa gestão e governança, boa saúde financeira, além de satisfatória relação com seus investidores, volume alto de negociação e liquidez.
Sua classificação de risco vai de AAA até BBB, sendo AAA a melhor classificação para uma instituição. A classificação de risco pode ser encontrada no site do S&P Global Ratings ou Fitch Ratings.
Small Caps
Outra categoria e nomenclatura muito usada para as empresas são as chamadas Small Caps, que são pequenas empresas na bolsa de valores, com menor liquidez, geralmente até 1 bilhão de dólares.
Podem até ser empresas recém chegadas na bolsa, que oferecem um risco maior, comparadas as Blue Chips. Essas, geralmente entram na classificação de risco como BBB+ até CCC, localizadas no meio da tabela de risco. A classificação, aliás, está associada diretamente a saúde financeira da empresa, na capacidade de cumprir suas obrigações e na condução de seus processos.
Penny Stocks
E enfim, existem as Penny Stocks, ou popularmente chamadas de os micos, conhecidos pelo baixo valor de suas ações e pela baixa liquidez em seus negócios. Normalmente são empresas que tem prejuízos há algum tempo. Esse tipo de empresa geralmente ficará classificado de CCC+ até D, onde D é a pior classificação que uma instituição pode receber.
Qual a empresa é melhor?
Depende do seu objetivo.
Empresas mais consolidadas são ótimas pagantes de dividendos, sofrem menos oscilações de preço quando comparadas com empresas de outras categorias e são em sua maioria pensadas para composição de carteira no longo prazo, nas modalidades operacionais de swing trade ou bay and hold.
No contexto nacional temos a Vale, Petrobrás, alguns bancos e empresas do setor de energia elétrica. Dessa forma, o investidor terá uma alta rentabilidade, desde que aceite uma exposição maior, sendo indiferente as oscilações de curto prazo.
Se o objetivo for ganhar mais com a valorização do papel, o ideal são as Small Caps. Geralmente os investidores ficam alguns meses com a ação em carteira ou até o recebimento de dividendos ou outro evento corporativo. Tratando-se do Brasil, podemos citar empresas como: Azul; Enauta, Lojas Mariza; MRV entre outras.
E por último, as ações micos aparecem no sentido de aproveitar um curto momento de oportunidade onde a especulação é a chave para faturar. Geralmente, o investidor entra em um papel assim para ganhar em questão de horas ou no máximo alguns dias. Com esse cenário, atualmente temos: Oi; Cogna; Viver; Atom dentre outras.
Nesse tipo de ação, por conta de toda especulação causada por algum evento ou uma notícia relevante, o papel pode ter uma variação considerável para o dia sendo 10%, 20% ou até mais.
Montar uma posição para longo prazo em uma ação do tipo Pennys Stocks ou Small Caps não é errado, porém quando buscamos um investimento dessa categoria, buscamos a valorização do patrimônio com um pouco mais de segurança, sabendo que a empresa que estamos investindo é mais consolidada no mercado.
Diversificação de Patrimônio
Market data e Índices – Índices de seguimentos e setoriais
Ainda falando sobre risco, se faz necessário falar sobre diversificar, que significa dividir o patrimônio, e o porquê fazer essa divisão.
Como exemplo, em uma situação em que o capital está todo alocado em um único ativo, uma única empresa, como a Magazine Luiza, uma empresa do setor de varejo e serviços. Em novembro de 2020 quando ela atingiu o valor de R$28,00, até o momento a ação MGLU3 caiu cerca de 83,5%, chegando no valor de R$4,64. Ou seja, houve uma desvalorização de 83,5% do patrimônio, porém se o patrimônio estivesse dividido em mais uma ação, como Petrobrás por exemplo, que no mesmo período valorizou cerca de 144%, então hoje o saldo patrimonial estaria positivo.
Portanto, a diversificação pode livrar de um risco não sistêmico; aquele risco que pode afetar somente um ativo ou outro, ou determinado setor e não todo o sistema. Dessa forma, não haverá um grande comprometimento da carteira.
Nesse sentido, é de suma importância verificar também em qual seguimento está relacionada a empresa que o investidor pretende se associar. Dessa forma, deve-se ter muito cuidado ao colocar no mesmo portifólio empresas que são relacionadas, por exemplo com a mesma commoditie, tal qual: Vale, Usiminas; CSNA (siderúrgica nacional), Guerdau, no caso, todas essas empresas são ligadas ao setor de siderurgia e metalurgia, tendo como base o minério de ferro. Se o investidor tiver ações somente de um setor e ocorrer algo relacionado a este seguimento, a carteira poderá ser afetada.
O mesmo pode acontecer com empresas ligadas a aviação e turismo, como Gol, AZUL, CVC. Como podemos analisar, esse seguimento sofreu bastante com os efeitos da pandemia.
Então, o que fazer?
Em suma, o recomendado para o investidor que deseja uma valorização do patrimônio no médio e longo prazo é a diversificação entre em presas e setores. Desse modo, quando acontecer uma desvalorização de um segmento, o outro poderá balancear a carteira e evitar uma perda maior.
Liquidez
Fundamental na hora de escolher um papel, a liquidez é a facilidade de montar ou se desfazer de uma posição quando quiser e na região de preço que desejar.
Ativos com maior liquidez, são os mais negociados, como Vale, Petro, B3, ITAU e Ambev. Nesses ativos pode-se encontrar ordens de venda e compra praticamente a qualquer região de preço. Outros ativos com uma menor liquidez, como Atom, Azev entre outras, não terão ofertas de compra e venda para todas as regiões de preço. Se o papel não tiver uma liquidez adequada para negociação, há o risco de não conseguir o preço desejado e terá que se submeter a outro preço, seja pagando mais caro ou vendendo mais barato.
Aquisição de ações
Após todos esses passos, de classificação de cada empresa, a saúde financeira, gestão e segmento de atuação, é hora de analisar qual o momento e estratégia utilizar para a aquisição de uma ação.
Primeiro ponto a pensar quando vamos montar uma posição é por que montá-la? Qual ponto ou região de preço seria interessante para a aquisição dessa ação e qual estratégia utilizar de acordo com a função desejada.
Após definir o ponto de entrada, há o risco, ou seja, em qual ponto não faz mais sentido segurar esse papel, quanto é o limite de perda nesse ativo, até quanto o investidor está disposto a perder para tentar gain.
Sim, até mesmo operações de swing trade e até buy and hold precisam ter stops, pois existem situações que a empresa muito provavelmente não conseguirá entregar o valor anterior de imediato.
Estratégia de negociação de ações
De suma importância é entender a estratégia utilizada pois é errado pensarmos em uma estratégia de curto prazo, onde há um risco menor calculado com alvo também calculado, cuja ideia inicial era manter o ativo por poucos dias.
Porém, é muito comum encontramos investidores que mudam a estratégia no meio do caminho. Por exemplo, onde inicialmente era uma estratégia para ganhos mais rápidos, mas por algum motivo o preço acaba indo contra a operação e o investidor muda essa estratégia de curto prazo para longo prazo no meio do caminho, aceitando um risco muito maior e criando a esperança de que o preço do ativo voltará ao menos no seu ponto de entrada, mas sabemos que nem sempre isso acontece.
Estratégia de curto prazo é para ser usada no curto prazo e estratégia de longo prazo é para ser usada no longo prazo. Não se muda um plano no meio do caminho, assim como o correto é que a estratégia seja definida antes do trade.
Por fim, atente-se para o seguinte: no mercado financeiro não existe margem para o achismo.
Cair ou subir demais, ou acreditar que não pode continuar caindo ou o contrário. Para se prevenir, mantenha-se fiel a sua estratégia operacional e seu objetivo.
Aqui na CM Capital, além dos nossos serviços financeiros, temos um canal dedicado a educação dos nossos investidores. Acesse nosso conteúdo sobre gerenciamento de risco.
Por Alex Carvalho – Analista CNPI