Hoje, o mercado financeiro é uma parte fundamental da economia global, especialmente em países como os Estados Unidos, onde mais de 50% da população investe ativamente, e a Noruega, que possui o maior fundo de investimentos do mundo. Nesses locais, a participação no mercado financeiro já faz parte do dia a dia das pessoas. No entanto, essa ainda não é uma realidade tão forte no Brasil.
Mas você já se perguntou como surgiu o mercado financeiro? Como eram as negociações antes da tecnologia moderna?
A história do mercado financeiro remonta às antigas civilizações, com as primeiras formas de economia e trocas rudimentares. Durante a Idade Média e o Renascimento, surgiram os primeiros bancos e casas de câmbio. O primeiro banco registrado oficialmente foi o Banco di San Giorgio, fundado em 1407, na Itália. Embora não haja consenso histórico sobre o local exato ou a data de origem do mercado financeiro, documentos sugerem que negociações semelhantes ocorreram em diversas partes do mundo durante esse período.
A primeira bolsa de valores oficial foi criada em 1531, na Bélgica, onde eram negociados empréstimos e produtos de várias partes do globo. Esse modelo inspirou a criação de outras bolsas, como a inglesa, em 1571, e a holandesa, em 1602.
A história da bolsa de valores também está profundamente ligada à Holanda. Antes de 1500, a região era majoritariamente composta por pântanos, o que dificultava a vida dos habitantes. Contudo, com união e determinação, os holandeses desenvolveram tecnologias como moinhos para bombear água e canais para drenagem, transformando o país em uma das potências econômicas da época. Esse avanço permitiu à Holanda ter uma forte economia capitalista, com um alto padrão de vida.
Foi nesse contexto que surgiu a Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC), em 1602, considerada a primeira empresa a negociar ações no mundo. Criada pelo governo local, a VOC precisava de investidores dispostos a financiar suas ambiciosas rotas comerciais e exploração de especiarias. 1.143 pessoas se tornaram os primeiros investidores da história ao comprar ações da companhia.
A primeira análise gráfica de preços também teve origem no Japão, cerca de 100 anos após o surgimento das primeiras bolsas. A técnica de análise de preços, chamada candlestick, foi desenvolvida por Munehisa Homma, um visionário que negociava contratos de arroz na cidade de Sakata. Homma observava padrões de comportamento nos preços e, com base em suas anotações, enviava mensageiros para a cidade de Osaka para realizar as negociações.
A técnica de Homma se tornou lendária, com histórias de que ele teria feito 100 operações vitoriosas consecutivas no Japão antigo, sem sair de casa. No entanto, o gráfico de candlestick só se popularizou no Ocidente nos anos 1980, graças a Steve Nison, que introduziu essa arte japonesa no mercado financeiro global, transformando-a em uma ferramenta essencial para traders.
Mas como eram as negociações antes do candlestick? Até mesmo antes da formulação da Teoria de Dow, em 1884? A resposta está nos gráficos de barras e no Tape Reading (leitura de fita), que vamos explorar em outro momento.
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Por Vitor Piazzi, analista da CM Capital.