Cenário Internacional
Após meses de incertezas, substituições e elevada volatilidade para o mercado, Donald Trump venceu as eleições presidenciais nos Estados Unidos, rumando para seu segundo mandato como presidente do país. Além de vencer o pleito para o Executivo, o Partido Republicano conquistou ainda maioria no Congresso, tendo dois anos de campo relativamente aberto para implementação da agenda econômica do novo presidente.
Como já é de conhecimento público, a plataforma econômica de Trump conta com programas voltados para o fomento da economia do país, com foco na retomada do protagonismo no setor industrial, com destaque para ações como a adoção de tarifas comerciais contra a China e países que vierem a ser considerados inimigos dos Estados Unidos, corte de impostos para diversos setores e estímulos para produção de energia.
Neste sentido, embora positivas para a atividade econômica, a perspectiva de que estas medidas gerem uma inflação mais elevada nos próximos quatro anos fez com que os títulos públicos de longo prazo do país, e por consequência o dólar, ganhassem força no período, prejudicando ainda mais a cesta de moedas emergentes, da qual o Brasil faz parte.
Cenário Doméstico
Somada à pressão proveniente do cenário externo, o câmbio do país foi afetado também por fatores domésticos, cujo destaque ficou por conta da discussão e anúncio do que convencionou-se chamar de pacote de corte de gastos do governo. As medidas, que nasceram com o objetivo de proporcionar maior equilíbrio fiscal ao país, se concentraram em questões de caráter estrutural, como a adequação do salário-mínimo às regras do arcabouço fiscal e a redução gradual do pagamento do abono salarial ao longo dos próximos anos.
Entretanto, contrariando a expectativa positiva para a precificação dos ativos que era aguardada após o anúncio, o que se viu foi um derretimento adicional do dólar e uma pressão significativa sobre os juros futuros, reflexo da opção do governo por anunciar a isenção do pagamento de imposto de renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil juntamente às medidas de contenção de despesas, gerando deterioração das expectativas dos agentes no que diz respeito à capacidade do governo cumprir com as metas propostas pela NRF nos próximos anos e alcançar a estabilização da dívida pública do país.