Carry trade: veja o que é, como funciona e relação com a taxa de juros

Investir pode ser desafiador, mas também pode ser lucrativo. Uma das estratégias que tem ganhado destaque é o carry trade. Mas o que exatamente é o carry trade e como ele pode impactar seus investimentos? 

Neste guia completo, vamos te explicar tudo o que você precisa saber sobre essa estratégia, desde os seus fundamentos até os riscos envolvidos. Continue lendo!

Índice:

  • O que é carry trade e como funciona?
  • Como o carry trade é feito?
  • A estratégia de carry trade é lucrativa?
  • Como o carry trade impacta o preço do dólar?
  • O que deve ser avaliado no carry trade?
  • Qual a diferença entre carry trade e arbitragem? 
  • Quais são os principais desafios do carry trade?
  • De que forma o carry trade impacta o Brasil?

O que é carry trade e como funciona?

O carry trade é uma estratégia de investimento que explora a diferença nas taxas de juros entre diferentes países. Em resumo, um investidor toma emprestado em uma moeda com taxa de juros baixa e investe em outra moeda com taxa de juros mais alta. 

A diferença entre essas taxas é o potencial de lucro. Essa estratégia, embora atrativa, não está isenta de riscos, principalmente com o risco cambial, ou seja, a possibilidade de a moeda em que foi investido se desvalorizar em relação à moeda de empréstimo.

Exemplo de carry trade

Imagine que um investidor brasileiro deseja realizar um carry trade. Ele observa que a taxa de juros básica nos Estados Unidos está muito baixa, enquanto no Brasil está mais elevada. O investidor, então, toma um empréstimo em dólares a uma taxa de juros baixa e converte esse dinheiro em reais para investir em títulos do Tesouro Nacional brasileiro, que pagam uma taxa de juros maior.

Se a taxa de câmbio entre o real e o dólar se mantiver estável ou se o real se valorizar em relação ao dólar, o investidor terá lucro. A diferença entre a taxa de juros que ele paga pelo empréstimo em dólares e a taxa de juros que recebe pelos títulos do Tesouro Nacional, somada a qualquer valorização do real, constituirá seu lucro.

No entanto, se o real se desvalorizar em relação ao dólar, o investidor pode ter um prejuízo. Isso porque, ao converter os reais de volta em dólares para pagar o empréstimo, ele precisará de mais dólares do que tinha inicialmente, anulando ou até invertendo o lucro obtido com a diferença nas taxas de juros.

Como o carry trade é feito?

O carry trade é uma estratégia complexa que envolve diversos instrumentos financeiros e um profundo conhecimento do mercado. Em geral, a execução dessa estratégia requer a análise cuidadosa de diferentes fatores, como:

  • Taxas de juros: A identificação de países com taxas de juros significativamente diferentes é o primeiro passo.
  • Moedas: A escolha das moedas envolvidas na operação é crucial, considerando fatores como a estabilidade econômica do país, políticas monetárias e expectativas de mercado.
  • Instrumentos financeiros: A utilização de instrumentos como contratos futuros, opções e swaps pode ser necessária para implementar a estratégia de forma eficiente.
  • Risco cambial: A gestão do risco cambial é fundamental, pois as flutuações nas taxas de câmbio podem impactar significativamente os resultados da operação.
Homem olhando para os gráficos de trade nas telas
Crédito da imagem: Viktoriia Hnatiuk

A estratégia de carry trade é lucrativa?

A lucratividade do carry trade depende de diversos fatores. 

A ideia central é simples: aproveitar a diferença nas taxas de juros entre países para obter lucro. Essa estratégia está sujeita a riscos, principalmente o risco cambial. Se a moeda na qual o investimento foi realizado se desvalorizar em relação à moeda de empréstimo, os lucros podem ser reduzidos ou até transformados em prejuízos.

É importante ressaltar que o carry trade não é uma estratégia de investimento para iniciantes. Ela exige um maior grau de conhecimento do mercado financeiro, uma análise cuidadosa dos riscos envolvidos e a capacidade de tomar decisões rápidas em um ambiente de alta volatilidade.

Carry trade ainda é uma estratégia viável?

O carry trade continua sendo uma estratégia utilizada por muitos investidores, mas sua viabilidade pode variar ao longo do tempo. Fatores como a política monetária dos bancos centrais, a estabilidade econômica global e as expectativas de mercado podem influenciar significativamente a atratividade dessa estratégia.

Em períodos de baixa volatilidade e com diferenciais de juros elevados, o carry trade pode ser uma opção interessante para investidores com perfil de risco mais elevado. No entanto, em momentos de incerteza e com aumentos nas taxas de juros, os riscos associados a essa estratégia podem se intensificar.

É fundamental que os investidores acompanhem de perto as condições do mercado e consultem profissionais especializados antes de tomar qualquer decisão.

Leia também o nosso conteúdo sobre Tipos de Trading.

Como o carry trade impacta o preço do dólar?

Quando investidores estrangeiros realizam operações de carry trade em um determinado país, eles demandam a moeda local para investir em ativos com maior rentabilidade. Essa demanda adicional pode valorizar a moeda local em relação ao dólar.

Por exemplo: Se muitos investidores estrangeiros estiverem realizando carry trade no Brasil, comprando reais para investir em títulos do Tesouro Nacional, a demanda por reais aumentará, o que pode levar à apreciação do real frente a variação do dólar.

No entanto, essa relação não é linear e pode ser influenciada por outros fatores como:

  • Expectativas de inflação: se a inflação de um país aumentar, a tendência é que sua moeda se desvalorize, mesmo que a taxa de juros seja elevada.
  • Política monetária: as decisões dos bancos centrais sobre as taxas de juros podem afetar a atratividade do carry trade e, consequentemente, a demanda pela moeda local.
  • Crises e eventos inesperados: eventos como crises financeiras, guerras e pandemias podem levar a uma forte volatilidade nas taxas de câmbio, independentemente das operações de carry trade.

O que deve ser avaliado no carry trade?

O carry trade é uma estratégia complexa que exige uma análise cuidadosa de diversos fatores. Para tomar decisões de investimento mais assertivas, é fundamental avaliar os seguintes aspectos:

Diferencial de taxas de juros

A diferença entre as taxas de juros do país de origem e do país de destino do investimento é o principal motor do carry trade. Quanto maior o diferencial, maior o potencial de lucro. 

Estabilidade econômica

A estabilidade econômica do país de destino é crucial, pois um ambiente político e econômico instável pode levar a perdas significativas.

Risco cambial

A volatilidade da taxa de câmbio é um dos maiores riscos do carry trade. É fundamental avaliar a história da moeda e as expectativas futuras para o câmbio.

Liquidez do mercado

A liquidez do mercado é importante para garantir que seja possível entrar e sair da posição com facilidade.

Custos de transação

Os custos de transação, como taxas de câmbio e corretagem, podem impactar a rentabilidade da operação.

Política monetária

As decisões dos bancos centrais podem afetar as taxas de juros e a atratividade do carry trade.

Eventos globais

Eventos como crises financeiras, guerras e pandemias podem gerar incerteza e volatilidade no mercado, afetando o desempenho do carry trade.

Tela mostrando gráfico de trade com pessoas ao fundo
Crédito da imagem: gorodenkoff

Qual a diferença entre carry trade e arbitragem? 

Embora ambos os termos estejam relacionados ao mercado financeiro e envolvam a busca por lucros, o carry trade e a arbitragem possuem conceitos e objetivos distintos:

  • Carry trade: Essa estratégia explora a diferença nas taxas de juros entre diferentes países. O investidor toma emprestado em uma moeda com taxa de juros baixa e investe em outra moeda com taxa de juros mais alta, buscando lucrar com essa diferença. O carry trade envolve um risco cambial significativo, pois a valorização ou desvalorização das moedas pode afetar o resultado final da operação.
  • Arbitragem: A arbitragem consiste em aproveitar as discrepâncias de preços de um mesmo ativo em diferentes mercados. O objetivo é comprar o ativo no mercado onde está mais barato e vendê-lo no mercado onde está mais caro, lucrando com a diferença de preços. A arbitragem busca eliminar as ineficiências de mercado e, geralmente, envolve um risco menor do que o carry trade.

Basicamente o carry trade explora diferenças nas taxas de juros, enquanto a arbitragem explora diferenças de preços.

Quais são os principais desafios do carry trade?

O carry trade apresenta diversos desafios, que podem comprometer a rentabilidade da operação e até mesmo gerar prejuízos. Os principais desafios são:

  • Risco cambial: A flutuação das taxas de câmbio é o principal risco do carry trade. Se a moeda na qual o investimento foi realizado se desvalorizar, os lucros podem ser reduzidos ou até transformados em prejuízos.
  • Risco de crédito: A possibilidade de o país devedor ter dificuldades em honrar seus compromissos financeiros pode levar à desvalorização da moeda e a perdas para os investidores.
  • Risco de liquidez: Em momentos de crise, a liquidez do mercado pode diminuir, dificultando a saída da posição e aumentando os custos de transação.
  • Intervenção governamental: As autoridades monetárias podem intervir no mercado cambial para controlar a volatilidade da moeda, o que pode afetar a rentabilidade do carry trade.

De que forma o carry trade impacta o Brasil?

O carry trade exerce uma influência significativa sobre a economia brasileira. Quando investidores estrangeiros realizam operações de carry trade no Brasil, eles demandam a moeda local (real) para investir em ativos com maior rentabilidade, como títulos do Tesouro Nacional. Essa demanda adicional pode:

  • Valorizar o real: A maior demanda por reais pode fortalecer a moeda brasileira em relação ao dólar e a outras moedas estrangeiras.
  • Aumentar o fluxo de capital estrangeiro: O carry trade pode atrair um volume significativo de capital estrangeiro para o Brasil, o que pode contribuir para o financiamento do déficit em conta corrente e para a redução dos juros.
  • Aumentar a volatilidade do câmbio: As operações de carry trade podem amplificar a volatilidade do câmbio, tornando a economia brasileira mais vulnerável a choques externos.
  • Influenciar a política monetária: O Banco Central pode ajustar a taxa de juros para controlar a inflação e a taxa de câmbio, levando em consideração os efeitos do carry trade.

É importante ressaltar que o impacto do carry trade sobre o Brasil é complexo e depende de diversos fatores, como as condições econômicas globais, as expectativas de inflação e as decisões de política monetária.

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