CM Capital

Resumo da semana: Taxa de juros e eleições no congresso

Essa semana foi movimentada pro mercado financeiro.

Com esse resumo da semana, você verá o resultado da decisão da taxa de juros do Brasil, EUA, Europa e Inglaterra. E esse é só o começo, o cenário político também foi quente e começamos a receber os balanços das empresas listadas na Bolsa do quarto trimestre de 2022.

Resumo da semana: Taxas de juros e eleições no congresso

Segunda-feira e projeções de mercado

A semana começa com os dados do IGP-M, indicador de inflação que desacelerou para 0,21% em janeiro. Nos últimos 12 meses a inflação está em 3,79%. O indicador apontou uma alta de 0,61% nos preços ao consumidor, enquanto os preços ao produtor avançaram 0,10%, ante 0,47% em dezembro.

Enquanto isso, o mercado manteve as projeções de alta para a inflação de 2023, 2024 e 2026 no Boletim Focus. A estimativa de inflação tem subido há sete semanas seguidas.  

A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 subiu de 0,79% para 0,80% e a previsão da taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) foi mantida em 12,50% para este ano.

Na segunda-feira, a FGV divulgou a Confiança do Comércio, que caiu 4,4 pontos em janeiro ante dezembro, a 82,8 pontos. A queda levou o indicador ao menor nível desde março de 2021, quando atingiu 72,5 pontos, no auge da segunda e mais letal onda da pandemia de covid-19.

O começo da semana também trouxe novidade ao investidor, que agora tem mais um título do Tesouro para investir: o RendA+, título público voltado à poupança para a aposentadoria.

O papel garante ao investidor uma taxa de juros mais a variação da inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).  

A diferença do Tesouro RendA+ para o Tesouro IPCA+ é que ao aplicar no RendA+, o investidor receberá os valores mensalmente. E como os pagamentos são corrigidos pela inflação, o seu poder de compra estará garantido.

Tesouro RendA+: Tudo sobre o novo título para aposentadoria

No cenário internacional, tivemos a prévia do PIB da Alemanha, que apontou queda de 0,2% QoQ no último trimestre de 2022, resultado abaixo da expectativa de mercado. Com este resultado, o PIB do país cresceu 0,5% em 2022.

Na China foram divulgados os dados do PMI. O PMI Industrial avançou de 47 pontos base em dezembro para 50,1 em janeiro. Já o de Serviços saltou de 39,4 para 54,4 em um mês.

No cenário político doméstico, o Ministério da Fazenda está em diálogo com os estados para debater a recomposição do ICMS. Governadores estão insatisfeitos com a queda de receita decorrente da redução do imposto sobre combustíveis no ano passado.

Terça-feira

O Copom do Banco Central deu inicio a primeira reunião após a posse do presidente Lula em meio a um ambiente de alta nas expectativas para a inflação, incertezas sobre a política econômica e piora nas projeções para a taxa básica de juros. A reunião é finalizada na quarta-feira coma divulgação do comunicado sobre a taxa Selic e o futuro da política monetária do país.

No cenário político, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou, que as reformas terão “alta intensidade” no novo governo. A reforma tributária vai avançar em duas etapas, sendo que a primeira delas terá foco nos impostos sobre consumo, como ICMS, IPI e ISS, segundo o ministro. Propostas em tramitação no Congresso tratam da unificação desses tributos no IVA — Imposto sobre Valor Agregado. Haddad também afirmou que “No segundo semestre, com tudo dando certo no primeiro, poderemos endereçar outros assuntos”. Segundo o ministro, a reforma tributária tem o apoio dos 27 governadores.

Na Zona do Euro, investidores receberam o PIB prévio, que avançou 0,1% QoQ no último trimestre de 2022 contra o trimestre imediatamente anterior. Resultado melhor do que os analistas de mercado estimavam (queda de 0,1% QoQ).

Na Alemanha, as venda de varejo caíram 5,3% em dezembro em comparação com o mês anterior. De acordo com análise realizada pela Reuters, é possível estimar que a inflação é a principal responsável pela queda no volume de vendas em 2022.

O PIB francês apresentou alta de 0,1% QoQ, resultado marginalmente abaixo da expectativa de mercado, que projetava expansão de 0,2%, mantendo estabilidade frente ao desempenho do trimestre anterior.

Quarta-feira com decisão de taxa de juros

Na quarta-feira chegou ao fim a reunião do Copom, que manteve a taxa de juros em 13,75% a.a. A instituição pontuou que a atividade segue desacelerando e que a inflação esperada não é compatível com o cumprimento da meta no cenário doméstico. A perspectiva do próprio BCB para a inflação de 2023 está em 5,6% no cenário base e em 5,5% no cenário alternativo.

Houve uma preocupação mais notória com a condução da política fiscal e com seus potenciais impactos sobre a demanda agregada. Embora as diretrizes da nova âncora fiscal não sejam públicas, a perspectiva do mercado acerca da conivência do novo governo com gastos mais elevados desancorou a inflação no curto e no longo prazo.

Neste contexto, a instituição menciona que a taxa de juros será mantida em um patamar mais elevado por um período mais longo e afasta a possibilidade de queda na Selic em 2023.

Assista aos comentários dos nossos especialistas sobre a divulgação da taxa de juros.

Os investidores brasileiros também digeriram ao longo do dia os dados do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), que acelerou a 0,80% no fechamento de janeiro. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 4,61%.

O Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial também foi divulgado por aqui, com um reajuste positivo de 47,5 em janeiro ante 44,2 em dezembro. E por fim, também recebemos os dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a inflação “na porta da fábrica”. O indicador caiu 1,29% em dezembro, segundo o IBGE. Foi a quinta variação negativa seguida do índice.

Também foi dia de conhecer a taxa de juros dos Estados Unidos, divulgada pelo FED, que foi reajustada em 25 pontos base, passando a vigorar no intervalo de 4,50% e 4,75%.

No comunicado oficial da instituição, foi antecipado que novos reajustes serão realizados nas próximas reuniões, o que está em linha com a expectativa da instituição de que os juros do país encerrarão 2023 na casa dos 5%.

Vale destacar que o presidente do FED afirmou que os juros do país ainda não estão em patamar suficientemente restritivos, tendo em vista que o controle da inflação até aqui não teve impacto efetivo sobre o nível de crescimento, sendo necessário que as condições de financiamento de famílias e empresas reflitam a situação atual.

No cenário internacional também tivemos uma sequência de divulgações de PMIs.

  1. Alemanha: o PMI industrial avançou de 47,1 para 47,3 pontos.
  2. França: PMI industrial saiu de 49,2 para 50,5 pontos.
  3. Itália: PMI também apresentou expansão significativa, indo de 48,5 para 50,4 pontos.
  4. Espanha: PMI saltou de 46,4 para 48,4 pontos.

Com estes resultados, o PMI da Zona do Euro saiu de 47,8 para 48,8 pontos, resultado em linha com a expectativa de mercado.

A inflação da Zona do Euro diminuiu pelo terceiro mês consecutivo em janeiro, a inflação anual no bloco caiu para 8,5% no mês passado, de 9,2% em dezembro.

E não para por aqui, no cenário político tivemos a votação para composição das Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Que tiveram o resultado esperado com Arthur Lira (PP-AL), na Câmara e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Senado.

E no cenário corporativo, foi publicado um estudo realizado pela AC Consultoria, contratado pela Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) apontou um rombo estimado em R$ 30 bilhões em possíveis manobras tributárias realizadas pela empresa AmBev.

As ações da empresa, que já estavam em queda após o escândalo com as Americanas – que tem em comum o trio de acionistas Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles – caíram ainda mais durante os primeiros dias de fevereiro.

A Ambev, em nota, afirmou que a acusação não tem embasamento e que está em dia com os créditos tributários. Analistas de mercado veem a notícia com ressalvas.

Saiba mais: Ambev perde 4,3%

Quinta-feira com mais taxa de juros

No cenário doméstico tivemos a divulgação do IPC-S, que acumula alta de 4,61% nos últimos 12 meses, após subir 0,8% na quarta quadrissemana de janeiro.

A sequência de taxas de juros continua: o Comitê de Política Monetária do Banco Central Europeu (BCE) reajustou em 50 pontos base a taxa de juros do bloco, que passou de 2,5% para 3,0% a.a. No comunicado divulgado pela instituição, o comitê adiantou que, até que os juros atinjam nível suficientemente restritivo, novos aumentos serão necessários nas próximas reuniões, já adiantando que um novo aumento de 50 pontos será feito na reunião de março.

O Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra (BoE) também decidiu elevar sua taxa bancária em 50 pontos-base, para 4,0%, dentro das previsões do mercado. Com isso, a taxa de juros chegou ao seu maior patamar desde 2008.

Sexta-feira para fechar o resumo

No último dia da semana, o nível de Produção Industrial brasileiro foi divulgado. O indicador ficou estável (0,0%) em dezembro ante novembro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada IBGE. Com o resultado, a indústria brasileira encontra-se 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia da covid-19.

Nos EUA, tivemos os dados de folha de pagamento, o Payroll. A economia norte-americana criou 517 mil vagas de trabalho não-agrícolas em janeiro. O resultado veio muito acima do esperado (185 mil).

Na Zona do Euro, os PMIs composto e de serviços ficaram em 50,3 pontos e 50,8 pontos respectivamente.

O PPI do bloco ficou em 1,1% MoM em dezembro, significativamente acima da expectativa de mercado, que esperava recuo de 0,4% MoM.

Na Alemanha, a maior economia do bloco, o PMI de serviços avançou de 49,2 para 50,7 pontos, resultado acima da expectativa de mercado, que projetava resultado de 50,4 pontos. Já no Reino Unido, os PMIs composto e de serviços ficaram em 48,5 e 48,7 respectivamente, recuando menos do que os analistas de mercado estimavam.

Ainda no cenário internacional, a atividade de serviços da China expandiu em janeiro pela primeira vez em cinco meses. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) para o setor de serviços subiu de 48,0 em dezembro para 52,9 em janeiro, acima da marca de 50 pontos que indica expansão na atividade, marcando o fim de quatro meses de contração. 

Para acompanhar todas as notícias do mercado financeiro e aproveitar as recomendações de especialistas para cada momento, abra sua conta na CM Capital.

Sair da versão mobile