Com toda a repercussão da falência do Silicon Valley Bank, agentes econômicos já construíram uma ponte do caso nos Estados Unidos com a política monetária do Brasil. Até mesmo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez nesta segunda-feira (13) uma espécie de alerta às autoridades monetárias sobre “os impactos prejudiciais de uma taxa de juro elevada”.
Para o ministro, há pouco espaço no mundo para o aumento nos juros, mas o Brasil tem um cenário mais favorável para reduzir a Selic, que está em 13,75% a.a. há seis meses. Quando se chegou a este percentual, em agosto do ano passado, o IPCA anual ultrapassava os 8,73%; e agora está em 5,6%.
Para além da pressão de Haddad, a relação entre a quebra do banco no Vale do Silício e a conjuntura brasileira também tem sido reforçada entre outras figuras do campo econômico. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC, afirma que os desdobramentos da crise do SVB podem levar a um corte da taxa básica mais cedo do que o esperado.
A pergunta que fica é: como?
A começar pelo FED
Já na segunda-feira (13), o mercado ajustou suas apostas negociadas nos mercados americano e brasileiro. A expectativa para as taxas nos EUA ao final de 2023 recuou de algo próximo de 5,5% para a casa dos 4,5% ao ano.
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O bancão americano Goldman Sachs também avalia a possibilidade de que o Federal Reserve, o banco central americano, faça uma pausa no processo de alta de juros neste mês, na reunião marcada para a próxima semana.
Outros fatores também são importantes
Não seria apenas o fato de um banco secundário falir para que o EUA observasse a necessidade de um aperto monetário mais leve. O FED segue atento a um combo de fatores para “tirar a mão” nos juros. Entre eles, o aumento da inflação, o mercado de trabalho e outros indicadores que provem um desaquecimento da atividade econômica no país.
Para Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, o debate do corte de juros antecipado, como feito pelo mercado, ainda é prematuro tendo em vista o patamar ainda elevado dos preços. Segundo ela, “os dados recentes não sugerem espaço para cortes. Mas, se isso for usado para frear os juros nos EUA, o mesmo pode acontecer por aqui”.
BC está de olho no FED
Matheus Pizzani, economista da CM Capital, explica que a decisão de política monetária em países desenvolvidos são uma das variáveis observadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil, tanto para a montagem no cenário, tanto para o embasamento das decisões que são tomadas pelo grupo. “O caso do SVB pode impactar a trajetória da Selic na medida em que ele for utilizado como justificativa pelo FED para qualquer modificação – seja pra cima, seja pra baixo – na condução da política monetário dos EUA”, esclarece.
A reposta dos juros vem na Super Quarta
O Banco Central brasileiro não terá tanto tempo para considerar se o Federal Reserve irá pausar, apertar ou afrouxar os juros nos EUA por causa da falência do SVB. As duas autoridades econômicas divulgam suas decisões quase que simultaneamente, na próxima quarta-feira (22). Por isso, é mais provável que o cenário externo tenha mais influência sobre o doméstico na reunião do Copom de junho. Paras os economistas da CM, as atas dos bancos centrais, divulgadas só depois, que trarão mais certezas para os reflexos do caso no Vale do Silício com a política monetária brasileira.
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