Conflito se intensifica em meio a visita de Nancy Pelosi à ilha
Não é de hoje que a China e os Estados Unidos se estranham, muito pelo contrário, as farpas entre duas das maiores potências mundiais são de longa data. Vale dizer que os conflitos entre Pequim e Washington se multiplicaram nos últimos anos: o Mar da China Meridional, influência crescente da China na região de Ásia-Pacífico, guerra na Ucrânia e agora Taiwan.
Mas, o que está acontecendo?
Taiwan se considera independente desde 1949, quando, na época, o líder chinês Chiang Kai-Shek se refugiou na região após ser derrotado pelo exército de Mao Tsé-Tung. Desde então, a ilha se auto intitula como uma Estado soberano, mas não para China, que vê Taiwan como uma província rebelde que sofrerá graves consequências se declarar-se independente.
Taiwan e China são governadas separadamente desde que os nacionalistas derrotados se retiraram para a ilha no final da guerra civil chinesa, há mais de 70 anos. Mas o Partido Comunista Chinês (PCC) vê a ilha como parte de seu território, não descartando a possibilidade de usar força militar para tomar a região e mantendo pressão sobre a ilha nos últimos anos com voos frequentes de aviões de guerra para a zona aérea da ilha.
Já os Estados Unidos nunca contestaram abertamente a independência da ilha, mas defendem o princípio de “autodefesa” de Taiwan. Além disso, os EUA, assim como a maioria dos países, não reconhecem Taiwan oficialmente. No entanto, Washington apoia amplamente a ilha e muitas vezes elogia seu status “democrático”. Vale dizer também quem o país norte-americano vende armas à ilha.
Como a tensão entre China e EUA se intensificou?
Não é de hoje que a China sonda Taiwan e faz pressão para que a ilha “dê o braço a torcer” e renuncie a sua “independência”. No entanto, o conflito acabou ganhando repercussão mundial após um total de 29 aviões de guerra chineses entrarem na zona autodeclarada de identificação de defesa aérea de Taiwan (ADIZ), de acordo com o Ministério de Defesa da ilha.
Mas, as tensões começaram piorar após os respectivos ministros da Defesa da China e EUA se reuniram na conferência de Shangri-La Dialogue em Cingapura. Em discurso no evento, o enviado chinês, Wei Fenghe, acusou os EUA de serem um “valentão” na região e prometeu que o Exército chinês “lutaria até o fim” para impedir a independência de Taiwan.
Por parte dos Estados Unidos, Joe Biden, presidente do país, afirmou que a potência mundial interveria militarmente se a China invadisse Taiwan. Foi aí que a coisa ficou feia e os países passaram a trocar ameaças.
Visita de Nancy Pelosi foi a gota d’água
Com a relação praticamente corrompida entre China e Estados Unidos, a gota d’água se deu com a visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara Americana, a Taiwan, que aconteceu nesta terça-feira (2), de acordo com a CNN USA. Ao mesmo tempo, aviões de guerra chineses voavam perto da linha mediana que divide o Estreito de Taiwan.
Nancy Pelosi começou sua turnê pela Ásia em Cingapura nesta segunda-feira (1), seu gabinete afirmou que ela também irá para Coreia do Sul e Japão, mas não mencionou uma visita a Taiwan. O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan também disse que não tinha comentários sobre os planos de viagem de Pelosi.
China promete retaliação
Diante das especulações, praticamente confirmadas, de que Nancy Pelosi aterrissa em Taipé ainda hoje, a China prometeu revidar, enquanto os Estados Unidos disseram que não seriam intimados pela “ameaça de guerra” asiática.
Além dos aviões chineses sobrevoando perto da linha mediana do estreito de Taiwan, vários navios de guerra navegavam perto da linha divisória não oficial desde segunda-feira, disse a fonte à Reuters. As aeronaves teriam deixado a região ontem a tarde, mas as embarcações permanecem, segundo a fonte.
Enquanto movimenta sua força militar, a China também se comunica com os Estados Unidos sobre a visita da presidente da Câmara americana a Taiwan, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, nesta terça-feira (2).
O país advertiu ao governo norte-americano que “pagará o preço” caso o encontro entre democratas taiwaneses e americanos aconteça. “Estados Unidos carregarão a responsabilidade e pagarão o preço por minar a soberania e a segurança da China”, disse à imprensa a porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying.
EUA muda tom e pede calma
Na contramão do discurso inicial, autoridades americanas pedem para a China tomar medidas de escalada de tensão, enfatizando que a possível visita não marcaria uma mudança na política externa americana.
“Não há razão para Pequim transformar uma visita em potencial, consistente com a política de longa data dos EUA, em algum tipo de crise ou conflito, ou usá-la como pretexto para aumentar a atividade militar agressiva dentro ou ao redor do Estreito de Taiwan”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby.
China X EUA: Relação por um fio
A presidente da Câmara dos Representantes do Estados Unidos, Nacy Pelosi, aterrissou em Taiwan para a primeira visita do tipo em 25 anos.
“A visita de nossa delegação do Congresso a Taiwan honra o compromisso independente dos Estados Unidos em apoiar a democracia vibrante de Taiwan”, declarou Pelosi após pousar na ilha. “Nossa solidariedade com os 23 milhões de moradores de Taiwan é mais importante do que nunca, em um momento no qual o mundo encara uma escolha entre a autocracia e a democracia”.
A visita causou movimentação nos mares do Estreito de Taiwan hoje, tanto por parte da China quanto dos Estados Unidos. O exército chinês lançou um vídeo de cerca de dois minutos, por meio do aplicativo WeChat, em que mostra exercícios militares e diz para todos “ficarem prontos e combaterem para enterrar cada inimigo que chegar”.
Segundo a mídia chinesa, haverá uma proibição de navegação total a partir do primeiro minuto desta terça-feira até o dia 6 de agosto. Os exercícios ocorrerão até o dia 7, durante todo o período de viagem de Pelosi pela região indo-pacífica.
Separadamente, o Comando de Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular da China (ELP) disse que realizará operações militares conjuntas perto de Taiwan a partir da noite de terça-feira.
Os exercícios incluirão exercícios aéreos e marítimos conjuntos no norte, sudoeste e sudeste de Taiwan, disparos reais de longo alcance no Estreito de Taiwan e lançamentos de mísseis de teste no mar a leste de Taiwan, disse o Comando do Teatro Oriental.
Os Estados Unidos também posicionaram quatro navios de guerra, incluindo um porta-aviões, em águas a leste de Taiwan, no que a Marinha dos EUA chamou de destacamentos de rotina.
Interesse econômico
A invasão planejada e não executada aparentemente é motivada por questões geopolíticas e culturais, mas o fato é que há diversos fatores envolvidos. A China é objetivada e visa a extinção da forte concorrência econômica que Taiwan representa, se o crescimento econômico de Taiwan for contínuo, futuramente representara concorrência direta em determinados setores produtivos, dando poder de barganha para outras economias, o que pode afetar negativamente a China, que caso seja feita a reconciliação entre as potencias, seria o oposto.
Além disto, capacidade produtiva de Taiwan é independente da China, que por outro lado depende da produção de Chips advindas de Taiwan que é o maior produtor mundial do componente, o que seria mais atrativo para a China essa união, refletindo positivamente na economia da potência.
O envolvimento dos EUA à disputa é de interesse econômico, visando a possibilidade de negociação e garantia de preços melhores, Taiwan é o maior exportador de tecnologias, que se unificado a China pode ser desvantagem as economias vinculadas.
Como proteger seus investimentos nesse momento de incertezas?
O aumento da tensão entre China e Estados Unidos impactou negativamente as bolsas ao redor do mundo nesta terça-feira, aumentando a aversão ao risco por parte dos investidores. Mas, como encontrar a melhor forma para proteger os seus investimentos diante deste cenário?
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